Olá, caros leitores. Eis que hoje trago das cinzas a tag “Embalos de sábado à noite” para comentar sobre este enigmático filme: Truque de Mestre. Primeiro, vamos ler a sinopse:
Daniel Atlas (Jesse Eisenberg) é o carismático líder do grupo de ilusionistas chamado The Four Horsemen. O que poucos sabem é que, enquanto encanta o público com suas mágicas sob o palco, o grupo também rouba bancos em outro continente e ainda por cima distribui a quantia roubada nas contas dos próprios espectadores. Estes crimes fazem com que o agente do FBI Dylan Hobbs (Mark Ruffalo) esteja determinado a capturá-los de qualquer jeito, ainda mais após o grupo anunciar que em breve fará seu assalto mais audacioso. Para tanto ele conta com a ajuda de Alma Vargas (Melanie Laurent), uma detetive da Interpol, e também de Thaddeus Bradley (Morgan Freeman), um veterano desmistificador de mágicos que insiste que os assaltos são realizados a partir de disfarces e jogos envolvendo vídeos.
Uma sinopse e tanto, não? E o filme representa, acredite. Muito fui dito sobre esta obra, que não entendeu nada, perdeu dinheiro e tempo assistindo. Já eu, foi um dos melhores filmes que assisti nesses últimos tempos. Porque simplesmente não é um filme que vem mastigado, superficial. É uma história inventada para encobrir outra história, cuja essa só é descoberta se você parar pra pensar.
Primeiramente, cinco seres com habilidades únicas foram selecionados para formarem um grupo de ilusionistas chamado de “Os Quatro Cavaleiros”. Eles encantam toda a plateia com suas mágicas audaciosas, contando inclusive com roubos a banco e depositando o dinheiro na conta dos espectadores. Isso foi explicado com o decorrer do filme. Eles roubavam o banco antes dos shows e faziam apenas parecer que estava acontecendo em tempo real. Não entrando mais em spoilers e continuando a tentar desvendar as coisas, continuemos.
Todos os shows são financiados por um homem bilionário, que aparenta ser o fundador do grupo (o que me deu a entender). Só que eles tinham um plano a cumprir, seguir uma agenda. E o próximo passo seria ferrar com seu financiador, o que é feito com maestria, ao vivo. Perto de tudo isso está o agente do FBI, Dylan, e a detetive da Interpol, Alma. Os dois não chegam sequer perto de capturar/desmascarar os mágicos. E essa briga de gato e rato dura quase o filme todo. Haja coração!
O segundo passo do plano também não é curto. Esse seria o grand finale: o tal assalto audacioso. Nisso se vão cenas de luta, perseguições, explosões, e quando pensaram que tinham pego os Cavaleiros no flagra, foi tudo ilusão. Também não quero dar spoilers sobre isso. Até aí chegamos quase ao final, que diga-se de passagem, foi lindo. Um espetáculo de luzes, ilusões e dinheiro caindo do céu.
Só que, como eu disse no começo, tem o outro lado da história. Qual o argumento que as pessoas que adoram desmascarar mágicos alegam sobre seus truques? Que não há truque, é apenas a atenção do telespectador que é desviada para outro ponto enquanto a ação de verdade acontece onde não se está olhando. É exatamente isso que acontece nesse filme! Não estou falando sobre os truques de mágica para esconder os roubos à banco, estou falando de algo muito mais profundo.
Toda a mágica, luz, flashes, foi apenas um instrumento para distrair não só os telespectadores (figurantes do filme), mas a nós, os reais. O objetivo disso tudo, óbvio, é não nos deixar perceber o ponto central: o plano de vingança do agente Dylan. Ele armou toda essa trama para se vingar de Thaddeus, o desvendador de truques que desmascarou seu pai e acabou arruinando sua vida. Logo, quem estava por trás dos Quatro Cavaleiros, “O Olho”, é o filho desse mágico, o próprio Dylan. Como ele conseguiu isso, só vocês assistindo mesmo.
Continuando, toda essa estratégia funcionou muito bem, pois quem desconfiou do Dylan? Quem, em nome de Jesus, desconfiou das intenções dele?! E como todo mágico precisa de sua bela assistente, a Alma serviu bem para esse papel. Resumindo mais ainda, nós fomos a plateia e o filme foi o espetáculo, literalmente!
Enfim, espero que essas tantas palavras tenham dado para desmistificar um pouco esse filme. Eu o assisti em casa, com toda paciência do mundo e quase tive um treco mental depois com tantas coisas ocultas debaixo dessas luzes e efeitos especiais. Truque de Mestre não é um filme para ser visto apenas uma vez, no cinema, e sim para se assistir com calma, quantas vezes for necessário. É preciso analisá-lo, mastigá-lo, pois a verdadeira obra, a mensagem está em oculto. A mensagem que nos é passada é mais ou menos essa: o quão fácil é iludir as massas com luzes e efeitos especiais enquanto eles colocam seus planos em funcionamento, sem nenhum empecilho. Posso estar sendo conspiracionista, lunática, como dizem, mas hão de concordar que faz muito sentido para ser levado na brincadeira.
Por último, quero recomendá-lo, só que para os pacientes e apreciadores de um bom quebra-cabeças. Além do que, o filme tem duas coisas boas: luzes e diversão, e recheio pra se pensar depois de terminado.
Acho que agora todos já devem ter entendido o “You don’t see nothing!” do título…
Ah, e citando o que um sábio me disse no chat do Facebook:
“A elite sabe entreter como ninguém.”
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